A HORA

(Ps/603)

A hora se faz propícia.

Sórdido silêncio, desassossego,

Injustiças faz sofrer o mundo em nós,

Dói e corrói!

Somos o que somos e apenas, somos!

Sentimos falta de compreensão,

De justiça no mundo que cambaleia

Feito bêbado sem energia e

Sem esperança.

Não cantamos mais a vida e adiamos

Projetos como estivéssemos

No deserto, desesperançados,

Impotentes, sem norte para chegar.

Muros infinitos crescem

À margem, do naufrágio e ao esquecimento.

Dentro e fora de nós há vácuos

De enganos e saudade,

Estatística, realidade n' alma de cada ser.

Subjugados pela esfinge que atropela

O sol empalidece e se fecha,

Sem propósitos e o corpo esfria

No cansaço do existir!

Retardatários,

Ainda esperamos possuir a

Força total do universo e,

em qualquer momento

Sentir Deus, inseparável,

Permitindo-nos ainda fazer versos

Lúcidos e sólidos na sensibilidade

Da imaginação.

Somos parte de quem partira

E em letras, no tempo e espaço

Sensações físicas, de como

Olhamos o mar, vertem palavras

E sentimentos das horas,

Fluxo, esquinas...

Privilégio da vida e das horas

Que marcam!