AQUI NESTA CIDADE
(Ps/419) Sei que sou um, mais um, desfeito em dor que anda em pedregulhos lisos, escorregadios. Os bons ventos, certamente, zuniram fogosos nas areias das praias refrescando o mar, colhendo amores. Palmilho as enseadas e cruzo o olhar com o Redentor que me espera de braços abertos. Aqui nesta cidade não há deserto, há aves brancas transcendendo o dia roteiro belo da majestosa natureza. Finjo viver esta cidade mas, quem poderá viver assim se o sino não dobra e o céu é chumbo? Lágrimas regam o mar e o soluço tranca gargantas, na escuridão do dia. Quem se habilita e grita? A máquina do ferro cospe sangue, sem deserto, na multidão subtraindo um, dois, três e até quanto? Aqui nesta cidade, aquarela de Deus, a angústia tolhe o encanto da vida, enquanto a palidez da hora se faz deserta. Que diriam quem a conheceu tão bela, pura, branca e azul com um relevo estonteante, delineando o céu? O sorriso amargo, vencido face ao olhar morto da alma, ainda clama ao largo à esperança e feixe de luz. Abutres rondam e com orgulho e sem pudor do fruto podre provarão e o jogo do tempo, num refluxo feroz, vomitarão. edidanesi
Enviado por edidanesi em 14/02/2018
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