RETROSPECTIVA
Rel Poét (Ocultos) da Era Luzidia (POEL/02) Adentro. A sala, só, me aconchega no sofá gasto. Cheiro de café fresco, vidros vazios com apenas migalhas, lampião escurecido...,Também sós. Retratos na parede, poucos e esmaecidos. O canto do sabiá, em sinfonia com outros pássaros, não deixa me sentir totalmente só. O limoeiro, amarelo, pende seus frutos próximo as parreiras que brotam soltas e selvagens, sem estacas, porque o tempo... Ele se esvaiu... como num piscar de olhos e, a margarida do canteiro central, por instantes, a vi bela, altiva e orvalhada, protegida pelo cipreste imponente, em frente à minha janela. De lá, vislumbrava o mundo da forma mais angelical como meus olhos viram e a imaginação pintou em aquarela. De lá... sonhava o amor como única alternativa de felicidade e preenchimento do meu vazio, das minhas sensações, afloradas, que me angustiavam a alma como o limo escorregadio e sequer alguém notaria e/ou me entenderia. De lá a estrada de chão batido colore a paisagem em tom ocre claro com o verde aveludado dos arrozais que brotam nas águas represadas, caminho este, que os habitantes perfazem todos os domingos, à Capela, para rezar e fazer suas confidências ao pároco e aos que lhe são íntimos e às novenas da Pequena Ribeirão do Campo. De lá, da minha janela, em que o vento balançava na hora da sesta é que o meu coração se trancou e então parti. Quatro degraus, altos, rústicos e inacabados do velho casarão romperam, com certa facilidade adolescente, vínculos jamais existidos, amor nuca havido e a vida de apenas, poucos anos existidos. Um abraço, um gesto e o portão se abriu e o coração? - Não saberei, agora, dizer o que sentiu: Euforia? Medo? Falta? Dor? - Mistério de mim! edidanesi
Enviado por edidanesi em 05/01/2018
Alterado em 05/01/2018 Copyright © 2018. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |