![]() A CHAVE
(poes/226) Quero poder chorar a minha vida Que já não me pertence. A aurora lutou contra o dia A promessa, no mar, desaparece. Meus olhos marejam dor De sangue as lágrimas se fazem De nuvem o céu se poupa, O sinal do óbvio. Sopram os ventos, Traz dissabores, Exterminou amores e o Sinal do fim Faz-se presente. Cala-se a vontade Sobressai a escuridão Sinto a verdade derramar ódio e lassidão! Desconheço a alegria. Junto os restos da podridão, Esmolas da vida, sangrentas de suor e sal. Da tarde que se vai com letargia Sem rumo à celebração Do ritual, “in contentionis". Rasteja o louco no mar aberto Sua veste atira ao vento Encrespa a onda e balança a flâmula, Sinal do tempo, Tempo de vento, Desvario, Loucura no desmesurado mundo Que no limo permanece Não cresce, fenece. Meu olhar já nada vê. Sem rumo o coração vai Com arritmia, À deriva contra o tempo, e Até quando não saberei. O incerto é o certo. Quero edificar um castelo De sonhos lúdicos, Ainda que irreais, transparentes, Uma lamparina ascender Sem janelas para ver. Apenas no lusco fusco, Morrer lentamente como a chama Com lucidez e na insensatez Da vida, sofrida, A minha ida será definida e Definitiva. O louco já não é louco Diz ao céus que ele é Deus Mergulha no livro do Apocalipse Pensa grande nos seus delírios, desiderios, Reza alto e prega ao anjo das trombetas. Uma estrela cai e julga-se "O Senhor"! Quero ser louco! Quero ser irracional! Quero ser Absinto. Quero beber do meu cálice Quero o mundo desigual Quero fingir ser normal Quero ofuscar a luz Quero emergir no lodo Aguardar minha sentença Asfixiar por completo meu mundo . Sou terra escura, sou sol violeta e Choro agora, a vida que não tive Por destino ou por opção, talvez descuido. Choro agora na sofreguidão A minha hora de pura angústia De amarga solidão, da atual visão , Do necesssitar viver, contexto complexo. Em meio a culturas tantas Na minha sala pequena, Impregnada ... Tudo e nada, Só, imersa e Obsoleta, apenas escrevo. Poema de 26 de dezembro de 2009 /Ipanema RJ. edidanesi
Enviado por edidanesi em 22/02/2014
Alterado em 24/08/2014 Copyright © 2014. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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