Meu recanto, meu canto

"A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO" (ALBERT  EINSTEIN)

Textos

PENSAR PALITO 
(Art/04/2007)



     Pensar Palito: Vertical, horizontal, inclinado e ou/ oblíquo. O pp. horizontal, certamente dentro de uma pró-análise, é o que mais se encaixa no contexto. Voltarei fazer referência a isso no decorrer do texto.
     Como o tédio toma conta de mim aos domingos e tento suplantá-lo sob diversas formas, quando posso, atendo me a supervisionar alguns serviços caseiros desde roupas, porcelanato, algumas obras de arte conseguidas no mercado das pulgas e também participar do crescimento das flores, em especial as orquídeas. Nada mal. Sinto uma grande paz estar com elas a notar novos brotos para a próxima florada. Mas, há algo de perturbador aos domingos. Não sei bem o que é que sem definição ou coisa parecida e em não querer procurar chifres em cabeça de cavalo, asfixia o meu espírito.
O humor torna-se péssimo e as horas intermináveis. Que neutralidade ou porque não dizer dificuldade de viver o domingo! – Como posso achar este dia tão ignóbil e enfadonho quando a todos parece o contrário? – O olhar e a atenção direcionam-se aos objetos fora de lugar, e ao olfato de jornal e gera impotência imediata. Sou adepta ao cheiro de livros novos ou velhos, revistas que, únicos, confortam a minha mente e mantém olfato e cérebro, impetuosamente em estado de alerta à procura de um submundo iluminado e devidamente projetado, recôndito no absoluto, obliterando o jornal e deliciando-se com a descoberta de novos horizontes. Nada muda aos domingos. Famílias inteiras, indivíduos solitários, extravagantes outros apenas indivíduos se é que se pode chamar escrupulosamente de obesos, negros e vermelhos do sol e de cerveja ocupando demasiadamente o espaço da calçada tagarelando sem a noção de que o mundo é vasto e que há outras pessoas que perfazem o mesmo trajeto e as mesmas coisas, talvez? – E o Espaço? – Confusão mental: cadeiras de praia, enfileiradas e vazias à espera do lucro, fazendo a féria do final de semana, da rede hoteleira da Zona Sul; abnegação dos banhistas, que disputam um lugar na praia, como fim absoluto, aos domingos. Isso tudo gera discrepância entre as classes nos feriados e finais de semana. Da janela, vejo caras, corpos desnudos e bronzeados e em minutos transporto-me à Malibu, diferenciado.  Pessoas outras transpassam pertencerem ao terceiro mundo e passam apenas, gesticulam sós, extravagantes, maltrapilhas em fétidos panos julgam pertencer ao mundo dos profetas e vagam, em círculos, para lugar nenhum com debilidade pregando o final dos tempos e falam do Apocalipse, sem conhecer o frenesi exacerbado dos domingos, como as demais criaturas. É puramente certa alquimia desmedida, elaborada e testada por mentes brilhantes e máquinas auspiciosas, onde o fim justifica os meios, vista sob o aspecto de engajamento a transformar chumbo em ouro. Ouro que perpassa às mãos do indolente sem nacionalidade no peito cuja vida resume-se na luxúria de uma mente estéril em conhecimento e sensibilidade; voeja num único e promíscuo espaço do seu mundo restrito. Volto, agora, rever o pensar o pp. – A loucura excêntrica do domingo, de não pensar, mostra-me gratuitamente o pp.; Nos afazeres propositais noto o armário desordenado  cheirando a mofo e o sol brilha, lá fora. Domingo! – S.O.S!– Meia dúzia de paletós, casacos de couro e outras peças dependuradas, todas em tecido escolhido a dedo, pedem água, escova e sol. Peripécia! – Palitos e mais palitos em todos os bolsos da roupa que me propus a dar-lhe instantes de glória; e o dia fica ainda mais confuso: Porque tanto palito? - Uma breve reflexão sobre esses pequenos pedaços de madeira e me lembrei das colunas do Templo de Ártemis e do tronco de Carvalho e de o Azevinho nas terras de Leonardo, meu avô, cujas performances do meu achado representam indubitavelmente o ser contumaz da maneira de ser do do no da indumentária: Pensamento firme que jamais aceita um não às metas traçadas e debatidas em mesa redonda com executivos, em restaurantes e tabernas concentrando toda energia positiva na questão em debate e o pensamente fixa fixo na meta, cujo pequeno pedaço de madeira, inconscientemente, energizado, acompanha o cérebro pensante, do seu possuidor à uma linha de conduta horizontal em toda sua trajetória de vida, à sua indumentária enclausurada no armário, onde o dono tenta disfarçar os seus sentimentos.
edidanesi
Enviado por edidanesi em 09/09/2012
Alterado em 22/11/2017
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